Dr. Leonardo Reis Cotta - Urologista

Reposição de testosterona

O que você precisa saber antes de iniciar o tratamento. A testosterona é um hormônio essencial — mas só deve ser usada sob controle e orientação profissional.

Leonardo Cotta/Urologia e Andrologia – CRMMG 36747

10/17/20254 min ler

A testosterona é o principal hormônio masculino e desempenha papel essencial na saúde física, mental e sexual do homem. Com o passar dos anos, é natural que seus níveis diminuam gradualmente — mas, em alguns casos, essa queda pode causar sintomas que afetam diretamente a qualidade de vida.

A terapia de reposição hormonal com testosterona (TRT) pode ser uma excelente alternativa para homens com deficiência comprovada. No entanto, é fundamental entender que o tratamento deve ser indicado e acompanhado por um médico especializado. Antes de iniciar a reposição, há informações importantes que precisam ser conhecidas.

Qual é o valor normal da testosterona?

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) adotam, como referência prática, o valor de 300 ng/dL de testosterona total como limite inferior considerado normal.

Abaixo desse nível, principalmente quando há sintomas como fadiga, baixa libido, perda de massa muscular e alterações de humor, deve-se investigar uma possível deficiência androgênica (hipogonadismo masculino).

Vale lembrar que os valores podem variar entre laboratórios e que a interpretação correta depende sempre da avaliação médica, levando em conta também o exame físico, sintomas e outros hormônios, como LH e FSH.

O que pode causar a queda da testosterona

A diminuição dos níveis de testosterona pode ocorrer por diferentes motivos. Algumas das causas mais comuns incluem:

  • Envelhecimento natural, com redução média de 1% ao ano após os 30–40 anos;

  • Sedentarismo e excesso de gordura corporal;

  • Doenças crônicas, como diabetes, obesidade e síndrome metabólica;

  • Uso de medicamentos que interferem na produção hormonal (opioides, corticoides, anabolizantes);

  • Distúrbios hormonais que afetam o eixo hipotálamo-hipófise-testículos;

  • Doenças testiculares, como inflamações, traumas ou radioterapia prévia.

Por isso, é essencial identificar a causa da queda hormonal antes de decidir pela reposição.

Quando a reposição de testosterona é indicada

A TRT é indicada somente para homens que apresentam sintomas consistentes e níveis baixos comprovados de testosterona em, pelo menos, duas dosagens laboratoriais coletadas em jejum pela manhã.

Alguns sinais de alerta incluem:

  • Redução do desejo sexual e disfunção erétil;

  • Fadiga e falta de energia;

  • Diminuição da massa e força muscular;

  • Ganho de gordura corporal;

  • Mudanças de humor, irritabilidade e falta de concentração;

  • Redução da densidade óssea (osteopenia/osteoporose).

A decisão de iniciar a reposição deve ser feita de forma personalizada, considerando idade, histórico de saúde, exames e estilo de vida.

Contraindicações da reposição hormonal

Nem todos os homens podem fazer o tratamento. Existem situações em que a reposição é contraindicada, pois pode trazer riscos à saúde. Entre as principais estão:

  • Câncer de próstata ativo ou suspeita da doença;

  • Câncer de mama masculino;

  • Apneia do sono não tratada;

  • Policitemia (aumento exagerado das células vermelhas do sangue);

  • Doenças cardíacas graves ou descompensadas;

  • Desejo de manter a fertilidade (a testosterona exógena pode reduzir a produção de espermatozoides).

Por isso, antes de iniciar o tratamento, o médico deve solicitar exames de sangue, avaliação prostática (PSA e toque retal) e investigar doenças pré-existentes.

Formas de reposição da testosterona

Existem várias maneiras de administrar a testosterona. A escolha depende das preferências do paciente, do custo e da resposta clínica. As principais formas são:

1. Injeções intramusculares

  • As mais usadas no Brasil.

  • Podem ser de curta ação (como cipionato ou enantato) ou de longa duração (undecanoato).

  • Vantagens: baixo custo e fácil acesso.

  • Desvantagens: variação dos níveis hormonais entre as aplicações.

2. Gel ou adesivo transdérmico

  • Aplicado diariamente na pele, proporcionando liberação contínua.

  • Vantagens: níveis hormonais mais estáveis e sem picos.

  • Desvantagens: custo mais alto e risco de transferência para outras pessoas por contato

3. Implantes subcutâneos

  • Pequenos “pellets” inseridos sob a pele, que liberam testosterona por meses

  • Vantagem: praticidade e liberação constante

  • Desvantagem: necessidade de procedimento médico e custo mais elevado

4. Cápsulas orais

  • Menos utilizadas no Brasil.

  • Algumas formulações modernas evitam riscos hepáticos, mas ainda são menos comuns.

A decisão sobre a melhor forma deve sempre ser feita com orientação médica.

A importância do acompanhamento médico

Após iniciar a terapia, o acompanhamento é indispensável para garantir a segurança e a eficácia do tratamento.

O médico deve monitorar:

  • Níveis de testosterona (para ajuste da dose)

  • Hemograma (controle de policitemia)

  • PSA e saúde prostática

  • Perfil lipídico e glicemia

  • Pressão arterial e peso corporal

A avaliação deve ser feita após 3 a 6 meses do início da terapia e, depois, de forma regular (geralmente semestral ou anual).

Com o tratamento bem indicado e acompanhado, é possível observar melhora na energia, libido, massa muscular, disposição e bem-estar geral.

Conclusão

A reposição de testosterona é um tratamento eficaz e seguro quando feito com indicação médica adequada, exames completos e acompanhamento regular.

Mais do que “aumentar hormônios”, o objetivo da TRT é restabelecer o equilíbrio fisiológico do organismo e melhorar a qualidade de vida de forma responsável.

Antes de iniciar, converse com um urologista ou endocrinologista, realize os exames necessários e siga o acompanhamento indicado. A testosterona é um hormônio essencial — mas só deve ser usada sob controle e orientação profissional.